"Curiosa para saber de onde vêm os bebês, a pequena menina acredita que sua vizinha é a própria cegonha ou que ela tem uma fábrica de bebês."

 

 

"Quando meu editor me ligou encomendando um texto para a Campanha da Fraternidade, fiquei honrada com o convite. Mas entrei em pânico logo a seguir, quando ele disse que o tema era o tráfico de crianças.

Minha primeira resposta foi negativa até que, após alguma insistência da parte dele, decidi que contaria a história de um jeito diferente. O tema era muito delicado e eu queria dizer sem falar nada, sabe?

Sendo assim, esse É e NÃO É um livro sobre tráfico de crianças. E, definitivamente, NÃO É um livro sobre "de onde vêm os bebês". Sim! As aparências, às vezes, enganam.

Para psicólogos, pais e professores que queiram trabalhar com o tema, é só ler as entrelinhas, que está tudo ali.

Para o leitor em geral, Dona cegonha mora ao lado é apenas uma história sobre uma menina muito curiosa que vive uma aventura e tanto investigando sua nova vizinha.

Para escrever esse livro, tive de mergulhar no universo infantil e ver através do olhar da menina protagonista. Não foi tarefa fácil, mas muito divertida. Espero que você se divirta tanto quanto eu."

(Flávia Côrtes) 

 

 

Trecho do livro:

"- Mamãe, de onde vêm os bebês?

É engraçado como os pais ficam apavorados quando perguntamos isso pela primeira vez.

Minha mãe ficou. E muito. Chegou a se engasgar com o café da manhã. Meu pai, do outro lado da mesa, largou o jornal e correu para acudi-la.

Quando tudo passou, perguntei de novo:

- Mamãe, de onde vêm os bebês?

Aí foi muito estranho, porque os dois se olharam de olhos arregalados. Papai se encolheu devagarinho por trás do jornal, mamãe olhou para ele de cara feia, virou-se para mim com um sorriso no rosto e gaguejou, gaguejou... Mas eu não entendi nada.

- É... bem... ééééé... eu... nós...

Fiquei olhando para ela, ansiosa pela resposta, mas a campainha atrapalhou. Era a Neide, que chegava para cuidar da casa."